CODEMI

 

A Cooperativa de Desenvolvimento do Município de Igarapé-Miri – CODEMI, agregadora de mais de 200 associados/as, assumiu o processo de comercialização de produção depois de vivenciar diversas dificuldades. Durante anos a população de Igarapé-Miri sobreviveu baseada na economia dos recursos naturais, tendo como principais atividades a produção de cana-de-açúcar e mandioca, bem como o extrativismo. Posteriormente tal convívio sofreu grandes mudanças, com a industrialização no cenário nacional, inviabilizando a produção artesanal local, que para obter seus resultados concentrou terras durante décadas, derrubou e queimou matas, oferecendo trabalho pesado para homens, mulheres e crianças. Sem condições de competir com a produção industrial e por fatores diversos, os donos dos engenhos se mudaram para as
cidades, alguns venderam e outros abandonaram suas propriedades. O município ficou em situação de quase miséria, com esse fracasso o município vizinho Abaetetuba chegou abrigar 70 engenhos. 
Com o fracasso da cana de açúcar na região, os produtores passaram a cultivar o açaí e a explorá-lo, primeiro como um dos alimentos básicos do dia- a- dia, e depois como fonte de renda. Durante este período, o cultivo passou a ter grande proporção principalmente nas comunidades rurais. Tal fato, fez com que Igarapé-Miri ganhasse o título de capital mundial do açaí, proporcionando um avanço econômico para o município.
Diante deste contexto, surgiu a necessidade de buscar novas alternativas de atividades produtivas. Em 1968 foi fundado o Sindicato dos Trabalhadores Rurais (STR) que vivenciou 20 anos de ação assistencialista, administrado por pessoas ligadas ao governo que não mostravam preocupações com os problemas sócio-econômicos dos pequenos agricultores locais. O STR em 1988, já nas mãos dos trabalhadores passou incentivar a produção de outras culturas agrícola como forma de sobrevivência. E também contribuiu na criação de associações as quais mais tarde tiveram papel fundamental na melhoria de vida da população.
A primeira associação criada foi a Associação Mutirão, em 20 de Maio de 1990, que passou a ser um espaço para a organização dos Trabalhadores rurais. Através da mesma, os produtores conseguiram os primeiros financiamentos do FNO-especial em 1993, que a partir daí, passou a 27 ser de interesse para toda a categoria.
Com os bons resultados da Associação Mutirão, outras associações foram criadas no município com os mesmos fins. Essas por sua vez  somaram com o Mutirão o estimulo para a produção do açaí já existente em pequena escala, para consumo familiar, e o excedente para a venda na sede do município, com os recursos dos financiamentos e recursos próprios. Os produtores começaram a produzir cada vez mais, resultando em uma produção ascendente que em pouco tempo o município não conseguia mais absorver toda. Como consequência, houve uma
desvalorização no seu preço. Então os produtores através das associações começaram buscar novos mercados, entre eles está o Ver-o-peso na capital do estado, foi o mais importante, pois serviu de referência para contatos com empresas do ramo e outros empreendimentos de pequenos produtores de outros municípios.
Nesse período, a Federação de Órgãos para Assistência Social e Educacional - FASE/AMAZÔNIA detectou por meio de estudos que os municípios do Baixo Tocantins que investiram no cultivo do açaí, assim como Igarapé-Miri, estavam com dificuldades em comercializá-lo. A FASE então reuniu os seguintes empreendimentos: COFRUTA de Abaetetuba, CART de Cametá, COOPBAB de Barcarena e Associação Mutirão de Igarapé-Miri, para discutir estratégias de comercialização o que resultou em consórcio de empreendimentos do Baixo Tocantins.
Após a criação do consórcio regional, o município de Igarapé-Miri criou um consórcio municipal composto pela Associação Mutirão, a associação de Mulheres de Igarapé-Miri (ASMIM), Associação de Boa Esperança do município de Igarapé-Miri (ASBEMI), Associação Progresso da Esperança e Associação de Moradores e Produtores Rurais do Igarapé Santana e seus Arredores (AMPRISA), com o apoio de Sindicato dos Trabalhadores Rurais e Colônia de Pescadores Z-15. Esse consórcio municipal foi representado no consórcio regional pela Associação Mutirão.
O consórcio municipal tinha como objetivo a organização e qualificação da produção, enquanto que a comercialização seria realizada pelo consórcio regional.
Após anos de comercialização dentro do estado, em 2003 o consórcio regional conseguiu um grande contrato para sua produção, com uma empresa norte-americana, que perdurou até 2005, porém Igarapé-Miri enfrentou grandes dificuldades neste comercio, visto ser o único município do consórcio que não tinha uma cooperativa constituída e era representado pela Associação Mutirão. Este passou a ser o maior problema, não possuir o direito legal de comercializar. E foi assim que, deu-se início a discussão e fundação da CODEMI.